Esporte

Al-Hilal: R$ 3 bilhões em reforços em 2 anos para montar time global que derrubou City e ameaça Fluminense no Mundial

Com o dinheiro do fundo saudita, clube contratou jogadores de seleção e técnico vice-campeão da Europa

Por Rafael Oliveira — Rio de Janeiro Publicado em 02/07/2025 08:13
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Após o 4 a 3 sobre o Manchester City, o vestiário do Al-Hilal virou um festa. A premiação extra anunciada pelo presidente Fahad bin Nafel fez o grupo explodir de alegria. O valor não foi revelado. Mas, para se ter ideia da generosidade do dirigente, em dezembro de 2023 cada jogador recebeu R$ 131 mil por uma vitória no clássico com o Al-Nassr. Dinheiro não falta. E essa é justamente a maior arma do clube. Com mais de 400 milhões de euros em reforços em apenas dois anos, os sauditas montaram um time de estrelas, que agora está no caminho do Fluminense nas quartas do Mundial.

O Al-Hilal foi um dos quatro clubes que tiveram 75% adquiridos pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita em 2023. E foi o mais beneficiado por esses recursos. Foram 479,05 milhões de euros (R$ 3 bilhões) em aquisições. Sem contar os salários.



No Brasil, os três times que mais investiram em reforços neste mesmo período foram Botafogo, Palmeiras e Flamengo. Todas as contratações do trio somam 308,9 milhões de euros (R$ 1,9 bilhão). Ou seja: não chegam nem perto do valor gasto pelos sauditas.



O reforço mais caro do Al-Hilal até agora foi Neymar. O governo pagou 90 milhões de euros ao Paris Saint-German pelo brasileiro, que foi a campo apenas sete vezes numa passagem que durou um ano e meio.



Contratações mais caras do Al-HIlal (fonte: Transfermakt):





Neymar (Brasil): 90 milhões de euros (PSG-FRA)
Malcom (Brasil): 60 milhõs de euros (Zenit-RUS)
Rúben Neves (Portugal): 55 milhões de euros (Wolverhampton-ING)
Aleksandar Mitrovic (Sérvia): 52,6 milhões de euros (Fulham-ING)
Sergej Milinkovic-Savic (Sérvia): 40 milhões de euros (Lazio-ITA)




Os árabes também não economizam na comissão técnica. O português Jorge Jesus comandou a equipe nas últimas duas temporadas por 12,5 milhões de euros anuais. Após os fracassos na liga nacional e na Champions asiática, os sauditas encerraram seu ciclo no último mês de maio e apostaram ainda mais alto no substituto. Com um salário de 26 milhões de euros por ano, tiraram o italiano Simone Inzaghi da vice-campeã europeia Inter de Milão.

Mesmo com a saída de Neymar, jogadores brasileiros continuam sendo maioria entre os dez estrangeiros do elenco. Hoje, são quatro: o lateral Renan Lodi, o meia Malcom e os atacantes Marcos Leonardo e Kaio César. Recém-recuperado de lesão, este é o único que não tem sido titular no Mundial.



Embora ainda sejam maioria no elenco, os sauditas são poucos na equipe que vai a campo. Trata-se, na verdade, de um time internacional, com muitos jogadores com experiência na Europa, como o zagueiro Koulibaly, da seleção de Senegal e ex-Chelsea-ING; o volante Rúben Neves, da seleção portuguesa e ex-Wolverhampton-ING; o goleiro Bono, da seleção marroquina e ex-Sevilla-ESP; e o atacante Mitrovic, da seleção sérvia e ex-Fulham-ING. Este é o maior goleador da equipe no ano, mas não joga o Mundial por lesão.



A ausência do sérvio tem sido bem suprida até agora por Marcos Leonardo. O brasileiro faz bem a função de ser a referência do ataque e é o artilheiro da equipe no torneio, com três gols.

Outra boa notícia para o Fluminense em relação a desfalques é o de Salem Al-Dawsari. O ponta saudita é um dos principais jogadores da equipe e vinha fazendo um bom Mundial. Mas se contundiu na vitória sobre o Pachuca-MEX, pela última rodada da fase de grupos.





Estilo Inzaghi dá as caras






Apesar de ter assumido a equipe há pouco tempo e de vir sofrendo com desfalques, Inzaghi já começa a dar sua cara. O estilo de imposição e pressão alta de Jorge Jesus já não é visto nos jogos do Al-Hilal no Mundial. Sob o comando do italiano, o time tem revezado momentos de pressão alta e aqueles em que recua suas linhas de marcação.



Um dos pontos fortes da Inter de Milão vice da Champions, as ligações diretas que pegam a defesa rival desprevenida já começam a aparecer. E com eficiência. Foi em jogadas deste tipo que saíram dois dos sete gols da equipe no torneio. Este certamente deverá ser um dos pontos de atenção para Renato Gaúcho enquanto prepara a estratégia do Fluminense.



Com a bola nos pés, o time já mostrou formas diferentes de atacar. Na fase de grupos, os laterais avançavam com os homens de frente, o que dava opções de tabela para Malcom, pela direita, e para Salem Al-Dawsari, pela esquerda. Já Milinkovic-Savic é o meia que flutua, ajudando a organizar o ataque. Rúben Neves e Nasser Al-Dawsari se aproximam por trás, e, em determinados momentos, Koulibaly aparece com perigo na área.

Contra o City, porém, a postura foi outra. Inzaghi segurou os laterais, e o Al-Hilal se postou bem mais atrás. Fica a dúvida sobre qual será a atitude contra Fluminense.



O que não mudou em toda a campanha do Al-Hilal foi a falta de organização defensiva. É comum as linhas apresentarem desajustes, assim como apagões individuais. Não à toa, o goleiro Bono tem sido um dos grandes destaques. A ver como será seu duelo com Germán Cano, Arias & Cia.