Um entrou no radar do diretor de futebol antes mesmo dele assumir a função no clube. O outro foi resultado de uma negociação que durou apenas uma madrugada. Dois dos quatro reforços contratados nesta janela elevaram o nível técnico do elenco do Flamengo e foram destaques na goleada por 8 a 0 sobre o Vitória: Saúl, orquestrando o meio-campo, e Samuel Lino, com dois gols e três assistências.

Como o Flamengo agiu nas contratações dos dois jogadores? O ge conta os bastidores das chegadas de Saúl e Samuel Lino ao Rio de Janeiro.

Samuel Lino

O nome de Samuel Lino estava na lista do diretor de futebol José Boto desde 2020, quando o brasileiro defendeu o Gil Vicente, de Portugal. Em duas temporadas, o atacante marcou 25 gols e deu seis assistências em 75 jogos. Foi comprado pelo Atlético de Madrid e entrou na primeira prateleira do futebol europeu.

O dirigente português seguiu o acompanhando e entendeu que o perfil era perfeito para o que o Flamengo identificou como carência no início da temporada: um ponta driblador que pudesse render no espaço curto e oferecer uma opção diferente das que Filipe Luís tinha no elenco.



O movimento na primeira janela, no entanto, era impossível. O Flamengo reduziu os gastos para se organizar financeiramente, e o presidente Bap fechou o bolso para grandes investimentos. Com a venda de jogadores, a entrada de dinheiro de premiações, como os R$ 150 milhões da Copa do Mundo de Clubes, e a necessidade de reforçar o elenco pensando nas competições do segundo semestre, Boto voltou à tona por Samuel Lino.

A primeira conversa com o representante do atacante, quem o diretor de futebol já conhecia do mercado europeu, aconteceu com a janela em andamento - a abertura foi no dia 10 de julho. O Atlético de Madrid topava vender Samuel Lino, mas a resposta do agente era que a negociação com o Flamengo seria difícil, por causa dos valores envolvidos e também pelo interesse de outros dois clubes: Napoli (Itália) e Sporting (Portugal).



O Flamengo não se assustou com os valores. Entendeu que valia a pena o investimento e focou em convencer o atacante de 25 anos a voltar ao futebol brasileiro. Passados alguns dias do primeiro contato, José Boto recebeu uma ligação do empresário, desta vez com a participação de Samuel. O projeto do clube foi apresentado em mais de uma hora de conversa. O jogador ficou de dar uma resposta. Duas horas depois, retornou dizendo que aceitava a proposta.

A negociação com o Atlético de Madrid foi simples, e o Flamengo propôs pagar 22 milhões de euros (R$ 143 milhões na ocasião) em três parcelas mais 2 milhões de euros (R$ 13 milhões) em caso de metas alcançadas. Poucos dias depois do início da negociação, Samuel Lino desembarcou no Brasil e, em pouco tempo, assumiu a titularidade no time.

Saúl


Outro reforço que conquistou rapidamente seu espaço com Filipe Luís foi Saúl. Contratado para ocupar o espaço deixado por Gerson, o espanhol encontrou uma brecha no elenco, foi escalado como volante e correspondeu à altura. Ao lado de Jorginho, o meia foi titular nos últimos três jogos e elevou o desempenho do Flamengo. Foi um dos melhores em campo na goleada sobre o Vitória.

A negociação para contratar Saúl foi relâmpago, e o Flamengo se mobilizou para impedir a ida do meia para o Trabzonspor (Turquia). Ele tinha passagem comprada para a cidade de Trebizonda, com voo marcado para às 9h do dia 21 de julho, uma segunda-feira.

A madrugada anterior foi de inúmeras ligações do diretor José Boto até conseguir falar com o jogador. Em algumas horas, o dirigente do Flamengo convenceu Saúl a desistir de embarcar para a Turquia e vir para o Brasil jogar no time treinado por Filipe Luís, seu ex-colega no Atlético de Madrid.



O treinador não teve influência na contratação e não chegou a conversar com Saúl antes de o espanhol aceitar a proposta do Flamengo. Por necessidade, acabou escalando o meia ao lado de Jorginho em decisão que se mostrou acertada após três jogos de ótima atuação da dupla.